Cidade-Estado de Ankais

O dia estava ensolarado da cidade-alta de Ankais.

O céu azul estava limpo, sem nenhuma nuvem no céu.

Os carros se movimentavam rapidamente pelas ruas, e acima, entre os arranha-céus, aeromóveis se locomoviam freneticamente, como pequenas naves acima das cabeças dos habitantes de Ankais. Os termômetros urbanos registravam uma temperatura bem agradável, 19ºC. 
Eram 9 horas no horário universal. 

Numa das ruas da cidade de Ankais, caminhando paralelo a ela, numa calçada, estava um krall. Ele trajava roupas simples: uma calça de tecido sintético, sapatos de couro, uma camisa e um casaco por cima da camisa. Suas mãos estavam dentro do bolso do seu casaco.
O krall em questão é Rael, que caminhava cabisbaixo e lentamente pelas ruas, a caminho da universidade

Rael: falta ainda uma hora e meia para as aulas começarem... eu ainda tenho tempo  fala para si enquanto continuava a caminhar

O campus da faculdade ainda estava relativamente calmo. O que significava nada de clientes, nada de trabalho e nada de dinheiro.

Juntaekk suspirou, se sentindo um bocado entediado. 
"Mas que porre de dia". Ele pensou, distraidamente rodando uma bandeija nos dedos.

Alguns minutos depois, alguém entrou em seu amplo campo de visão; era o "Nabo em Conserva". Juntaekk não sabia qual era o verdadeiro nome do estudante, mas gostava de chamá-lo assim.

Ao mesmo tempo, ele pode ver um borrão se aproximando em alta velocidade ... em direção ao pobre Nabo.

De uma das delegacias da parte baixa de Ankais, saia um rapaz com um sorriso maroto no rosto. Gostava de ver aqueles oficiais em desespero com o caso dos roubos na cidade, e principalmente, saber que eles não tinham a mínima ideia de quem era o culpado o deixava ainda mais animado.

Isaac - Ah, como é boa essa sensação. - Isaac suspirou e lançou um olhar para o seu relógio de pulso - Opa, quase esqueci da faculdade!

O Wemyss se locomoveu até a sua moto, estacionada em frente à delegacia, colocou seu capacete e ligou o motor do veículo. O ronco não era tão alto, mas a potência da moto era boa até demais para ter sido montada em uma garagem com peças do lixão (e algumas que certos ricos "emprestaram" por que tinham um bom coração.)
Em pouco tempo, Isaac já estava cortando os carros nas ruas da baixa-Ankais, na direção da cidade alta. Era lá que ficava ITA (Instituto de Tecnologias de Ankais), e era lá onde o rapaz estudava "de graça".

Isaac - Depois da aula, preciso ajudar minha mãe com o bar. Alguns arruaceiros acabaram destruindo umas mesas ontem.

Após um tempo caminhando, finalmente Rael chega ao pátio da universidade.

O instituto de tecnologia de Ankais é uma grande universidade e centro de pesquisas localizado no coração da cidade de Ankais. Trata-se de um grande complexo de prédio, todos interconectados, construídos com modelo de arquitetura pragmática (estilo desenvolvido pelos jottuns para criar prédio úteis, aproveitando o máximo deles e sem exagerar em detalhes, uma construção minimalista).

Rael: finalmente... cheguei  diz, olhando para a grande construção, adentrando no pátio do instituto

Ainda com o Nabo [desculpa, Yuno kkk] no campo de visão, Jun vê outra figura se aproximando.
Rafaella.

Ela era a humana mais inteligente da universidade. Prendada, gentil, bonita .... só de vê-la, o krall sentia alguma coisa em seu peito.
Entretanto, eles eram muito diferentes. Ela era inteligente. Ele era ... bem, só ele.

Juntaekk: "Trufinha de Cereja"! - ele diz, quando ela se aproxima do balcão - como é bom te ver hoje. Vai querer alguma coisa?

Ela sorriu, daquele jeito doce. Se Juntaekk fosse humano [I'm olny humaaaaan] , ele teria corado de orelha a orelha.

Depois de algum tempo dirigindo em alta velocidade na direção do ITA, Isaac alcançou a construção. Lembrava-se do dia em que viera ali pela primeira vez, sua primeira aula. Eram momentos memoráveis, mas o melhor de todos foi quando conseguiu falsificar uma carteirinha para entrar nas aulas mesmo sem estar matriculado na faculdade. (brbrhu3hu3)

Isaac - Bons tempos, bons tempos. Epa - Isaac havia passado tempo demais observando as construções e só então percebeu um jovem no caminho de sua moto. - SAI.DA.FRENTE!

Mesmo gritando para o outro rapaz sair, sabia que não havia tempo. Virou sua moto e freou tudo que conseguiu, no intuito de que um acidente fatal não acontecesse.

Rael olhava para o prédio enquanto caminhava. De um certo modo, aquilo fazia o krall se sentir estranho... estar envolto de tantas pessoas, estudar com indivíduos de todas as espécies, vindos de tantos locais diferentes...
Isso fazia o krall se sentir só. Era estranho, mas ele, no meio da multidão, não conseguia se conectar com as pessoas.

Rael: ugh... mais um dia de aula... pelo menos hoje terão apenas cinco aulas, então o dia vai ser bem curto. fala para si, soltando um leve sorriso

Subitamente, o krall sentiu um impacto nas suas costas. Uma dor lancinante atinge suas costas, e logo seguinte o impacto se estende para suas costas superiores e sua cabeça.
O krall tinha sido atropelado por uma moto desgovernada que tinha entrado no pátio da universidade, aparentemente do nada. O corpo de Rael estava localizado embaixo da moto. Sua jaqueta estava completamente suja e marcada pelas marcas do pneu da moto.


Rael: SOCORRO!! ALGUÉM ME TIRA DAQUI!!! AAAAAAAAAAAAAARGH! diz, enquanto se debatia para sair debaixo dos pneus da moto

O Wemyss parecia chocado ao ver aquele jovem embaixo da moto. Só conseguia torcer para que ele estivesse bem, e sem delongas, saiu de cima da moto e empurrou-a para o lado rapidamente.

Isaac - Meu deus, você está bem cara? Me desculpe por isso, eu não vi você, eu tentei frear, desviar... me desculpe! - Disse enquanto ajudava o jovem Krall a levantar-se.

Juntaekk conversava alegremente com sua freguesa favorita, quando ... POW.

O doido na moto tinha acabado de atropelar o Nabo. Sem pensar duas vezes, e nem se dar ao trabalho de abrir a portinha da lanchonete, o krall pulo o balcão e saiu correndo em direção ao local do acidente.

Juntaekk: Desculpa, Trufinha, alguém se acidentou lá na frentel. vou ver se posso ajudar. Alias ... essa trufa é por conta do Juntan, ok?

Ele piscou marotamente pra garota e disparou, se aproveitando de suas características krallicas pra chegar o quanto antes ao local onde um estudante e uma moto estavam jogados no chão

Juntaekk: Mas ... o que aconteceu? Tá todo mundo bem ...? PELO AMOR DOS DEUSES, QUE MOTO É ESSA?

Rael continuava a se debater (e a bater no pneu da moto, numa tentativa fútil de se libertar da ameaça motociclista). O pobre krall parecia um peixe fora d'água, se contorcendo e se debatendo para se soltar da moto.
Mesmo sendo um krall de estatura alta para os padrões da espécie, aquela moto era grande e pesada demais para o corpo do pobre atmoriano.

Rael: So... cor... ro... diz, sem a possibilidade de falar corretamente, já que o pneu da moto estava sobre seu peito.

Porém, o indivíduo que pilotava a moto, claramente um humano jovem, ajudara o krall a se soltar da moto e a se levantar

Rael: tahag... kaen rayak Tz'kankad [merda... meu corpo todo dói - em miraico]

O krall se levanta, com a ajuda do humano, porém mesmo com a ajuda o atmoriano pelejava para levantar-se. Seu corpo todo doía... ele, talvez, tenha sido sortudo, já que aparentemente nenhum dos seus ossos foram quebrados, mas não havia uma única parte do corpo do krall que não estivesse doendo.

Rael: você... poderia prestar mais atenção... fala, "gemendo" na voz veículos não são permitidos dentro das instalações do instituto...

O atmoriano poderia gritar com o humano ou xingá-lo por ter atropelado-o, mas naquele momento, Rael estava sentido dor demais para expressar qualquer sentimento de fúria.

Isaac assente freneticamente e então tira o capacete, para apoiá-lo sobre o banco de sua moto.

Isaac - Sim, sim, desculpe, me desculpe. Isso nunca aconteceu antes, eu não estava prestando atenção no caminho. Me desculpe, se houver qualquer coisa que você queira, pode me dizer. - O Wemyss coçou a bochecha sem jeito. Jamais havia atropelado alguém antes, e estava sendo uma experiência traumática, tanto para ele quanto para o pobre Krall que havia sido o boneco de pano atropelado. - Como está se sentindo?

Rael olha pro humano que havia atropelado-o. O krall sentia um misto de raiva, medo e pena - e claro, muita dor também.

A raiva era oriunda do óbvio fato de que um humano aleatório havia atropelado-o por não estar prestando atenção no caminho.
O medo? Sabe-se lá de onde este cara tinha vindo, e se ele era desatento assim, era de se imaginar que o indivíduo em questão era uma "possível ameaça ao trânsito" de Ankais.

Mas o krall também sentia pena, era evidente que o humano não queria ter feito aquilo, e que ele se sentia muito culpado por isso...

Porém naquele momento, Rael sentia dor demais para pensar profundamente nessa coisas, então ele simplesmente responde:

Rael: eu... sinto... MUITA DOR! fala, elevando seu tom de voz, não o suficiente para ser considerado um grito, mas o suficiente para que algumas pessoas ao redor ouvissem-no.

Isaac - Er... uh... enfermaria! Você tem que ir pra enfermaria! Onde fica a enfermaria aqui nessa faculdade?

Isaac estava claramente desorientado, tentando lembrar-se a localização dos lugares na faculdade. Porém, era como se o recente acidente tivesse tirado todos os pensamentos de sua mente.

Juntaekk: Ei, você da moto, tu deve ser novo por aqui não? Nunca te vi na minha lanchonete ... de qualquer forma, eu sei como chegar lá e vou ajudar.

O rapaz segura o outro krall pela axilia, tendo certeza de que ele estaria bem seguro e firme.

Juntaekk: E Na .... er .... amigo, segura firme. Sua cabeça parece cheia de água, como se fosse um aquário que acabaram de chacoalhar? Se não, então você vai ficar bem. Se sim ... bom, teremos problmas. Vamos, a enfermaria é pra cá

Isaac evita a pergunta do homem e finge não ter escutado. Ora, era compreensível visto o que havia acabado de acontecer. O rapaz prende a moto em uma árvore próxima (como se alguém fosse roubar essa tranqueira) e vai para perto dos dois, também ajudando o jovem a caminhar.

Isaac - Uh, eu vou ajudar. E outra vez, me desculpe.

Rael apenas assente com tudo que os dois estavam fazendo, então, sem pensar, ele segue o outro krall que estava lhe ajudando.


Rael: ugh... o... obrigado... diz, colocando a mão na cabeça droga, isso dói...

Juntaekk guia os dois estudantes pelos pátios e corredores da universidade. Ele conhecia todos como a palma de sua mão. Afinal, fora obrigado a conhecê-los por seu pai desde quando era pequeno ... perdido nos corredores de um lugar desconhecido .... 
Enfim, ele abanou a cabeça, afastando as lembranças ruins. Já seria ruim o suficiente ter que ver a cara de nojo de Rudag, o enfermeiro-chefe. Não precisava de mais um empurrãozinho pra que tudo ficasse ainda pior.

Juntaekk: Bem, aqui estamos. Ainda bem que tem um atalho, assim podemos te tratar o quanto antes, certo, amigão? - ele diz, sorrindo para Rael. - Ah, e não liguem pra cara de quem acabou de chupar limão azedo do enfermeiro ... ele é sempre assim.

Isaac arqueia a sobrancelha com a fala do homem, mas deixa passar. Olha da porta da enfermaria para o rapaz atropelado apoiado no ombro dos dois.

Isaac - Espero que você esteja bem, cara.

Rael solta um suspiro, dizendo ao humano

Rael: eu também espero... diz, adentrando na enfermaria dá próxima vez... tenha mais cuidado, ouviu? Eu poderia ter morrido assim diz, pronunciando a última frase com uma evidente mágoa na voz

A enfermaria era uma sala de tamanho mediano, com cinco macas de um lado muito bem arrumadas e confortáveis, e do outro um balcão e uma porta que levava à sala de remédios. Estava sentado em uma cadeira, um homem com pouco mais de 1,56m de altura, lendo algo bastante sério no seu computador. Ao ver os três entrarem pela porta da enfermaria, levantou-se rápido mas de forma elegante e então deu um sorriso sarcástico ao ver Juntaekk. 

Rudag: Are'ek, kemen on niyak iro ng'amak shiyud ma'erangtak* - disse ainda fitando seu irmão, para então voltar suas atenções ao jovem machucado - O que houve? Por um acaso está passando mal?

*Ora essa, mas é claro que você tinha que estar envolvido.

Juntaekk: Bla, bla, blah, Tz'ngak Ruyuh pra você também, Rudag. - O krall responde, entre os dentes - Esse estudante aqui foi atropelado agora há pouco. Trouxemos ele aqui pra verificar se ele não sofreu nenhum trauma mais gravo, tipo ... concussão, sei lá.




[Nota Tz'ngak Ruyuh = Vai tomar no ... em krallico]

Rudag lança um olhar zangado para o seu irmão, mas após suspira e massageia as têmporas. Trabalho logo cedo naquela manhã não era o que esperava, afinal, a enfermaria de ITA costumava ficar vazia; a maioria dos estudantes tinha os seus próprios médicos particulares. 

Rudag: Sente-se nessa maca, por favor. Quem foi o prodígio que atropelou este rapaz dentro da faculdade?

Juntaekk: Isso não vem ao caso - o rapaz responde, secamente, percebendo que o estudante desconhecido tinha acabado de se esconder atrás de seu braço - analisa o cara pra gente ai, doutor.

Rael olha para o krall que estava lhe atendendo e então, ao ouvir a pergunta do mesmo, ele vira o olhar para o humano.

Rael: foi... aquele cara ali diz, apontando para o piloto da moto ele me atropelou com uma moto... mas segundo ele, foi um acidente.